1 de out. de 2009

Após veto, flanelinha busca trabalho formal

por Vanessa Ferreira

A atividade dos flanelinhas está proibida no Centro, rodoviária, Velório Municipal, cemitérios Saudade I e II e Parque, nas avenidas Campinas e Saudades, e nas feiras livres de Limeira.

Mesmo preocupado em orientar os carros que chegavam à Festa do Peão de Limeira, o guardador de carros Geraldo dos Santos, 57, é solícito e sorridente em dizer que o trabalho de flanelinha, entre outros trabalhos informais, são seus únicos meios de sobrevivência.

Com o veto da prefeitura de Limeira, que proíbe o trabalho dos flanelinhas, o guardador de carros espera uma posição da prefeitura e do Ceprosom, para se inserir dentro do mercado formal com carteira assinada .

Geraldo do Santos, em mais um dia de trabalho na
festa do peão de Limeira

Para Santos, essa proibição acarretou problemas para quem vive do trabalho de guardar carros, pois, segundo ele, esses trabalhadores informais enfrentam preconceitos e dificuldades de encontrar um trabalho com carteira assinada. “Ter carteira assinada é ser outra pessoa”, acredita Santos.

“Esse trabalho é um ganha-pão para a maioria dos flanelinhas”, diz Santos. Apesar de já ter trabalhado em outros lugares, Santos ainda não é aposentado, porém, quer muito, um dia, poder se aposentar e ter uma renda fixa com que possa contar, enquanto aguarda por um trabalho formal.

Para a socióloga Sandra Regina Toledo Rodovalho, a classe trabalhadora, nos últimos anos, vem sofrendo inúmeros ataques com as mudanças na economia mundial. “A partir do processo de globalização, passamos a vivenciar profundas transformações no mundo do trabalho. Ao mesmo tempo em que se flexibiliza, torna-se precário”, diz a socióloga.

Diante desse quadro, surgem novas ocupações na massa dos desempregados que precisam garantir sua sobrevivência como: catadores de papel, flanelinhas e ambulantes. A socióloga diz que a análise deve ser feita a partir do histórico familiar desses trabalhadores, que também fazem parte da massa de trabalhadores que o mercado não absorveu.

“Toda essa massa excluída, por mais que tentem adentrar ao mercado formal é praticamente impossível, pois, hoje exige-se muito mais do que o necessário para uma simples colocação”, explica Sandra.

Prefeitura

Segundo o site da prefeitura de Limeira, iniciou-se em julho o processo de cadastramento dos flanelinhas. A ação terá cunho social. A prefeitura quer que eles deixem de “guardar” carros, tendo duas opções de geração de renda – o retorno ao mercado formal de trabalho, caso já possuam uma ocupação, ou a realização de cursos de qualificação profissional para que possam aumentar as chances de conseguir um emprego.

A iniciativa envolve as secretarias municipais de Segurança Pública, Administração e de Governo e Desenvolvimento, esta última através do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), que fica na Rua Barão de Cascalho, 237. O telefone é: 3441-6999. O Ceprosom (Centro de Promoção Social Municipal) fica na Rua Dr Veloso nº350. O telefone é 3404 6200.

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