13 de nov. de 2009

Informação errada aumenta no jornalismo on-line

Notícias são superficiais por conta da velocidade exigida dos sites

por Juan Franscesco Piva

Com a popularidade do jornalismo on-line muitas pessoas vêm recrutando informações somente com uma rápida espiada nos noticiários da web. A velocidade na transmissão das notícias foi adaptada e justificada pela vida corrida de seus leitores. A cada minuto uma página de um site de notícias é atualizada. Mas existem leitores capazes de detectar informações erradas dessa mesma página em 60 segundos?

Diretora de conteúdo do Portal UOL, Márion Strecker avalia que as maiores dificuldades de se noticiar informações em tempo real são “a falta de tempo para apurar em profundidade e o maior risco de erro”. Para o editor responsável do jornal Gazeta de Limeira, Rafael Sereno, “a velocidade da internet é traiçoeira. Uma informação mal apurada e incorreta espalha-se com a maior rapidez na web, e seus efeitos são devastadores para a credibilidade”.

Quando o assunto é o padrão de texto utilizado no jornalismo on-line, Rafael diz que é preciso apresentar, necessariamente, parágrafos curtos, focados numa única ideia, e intercalados por um espaço, que visa descansar a leitura do internauta. “A linguagem tem de ser simples e objetiva. É preciso envolver o leitor, pois a possibilidade de ele desistir do texto é bem maior na internet d
o que no impresso”, ressalta.

Por sua vez, Márion defende que o portal da UOL, ainda que adote as regras do Manual da Redação da Folha, permite que seus parceiros e colaboradores desenvolvam ou mantenham seus próprios estilos.

Credibilidade

O operador de máquinas Nilson Rodrigues Matos não se sente muito seguro ao coletar informações de sites de notícias, pois avalia que a velocidade na transmissão de informações contribui para a má apuração dos fatos. “Às vezes, penso que eles jogam informações. Se acertam, tudo bem, mas se erram, sempre dão um jeito de consertar, mesmo que para isso tenham de ignorar a inteligência do leitor”, afirma.

O analista financeiro Marcelo de Mattos, que faz investimentos na Bolsa de Valores, revela que “existem inúmeras metodologias nas quais se baseiam investidores que alcançam ganhos consistentes a partir de dados recolhidos em sites de notícias”.

Porém, não é o caso dele, pois as especulações de mercado podem atrapalhar seus negócios. Marcelo lembra que “com informações privilegiadas, verdadeiras e de fontes seguras, um investidor pode sair na frente da concorrência que acompanha as notícias veiculadas na grande mídia”, justamente as que provocam oscilações no mercado.

Tanto Nilson quanto Marcelo buscam informações em outros veículos de comunicação para comprovar a veracidade dos fatos noticiados na internet. Isso porque na web os textos são meramente informativos, deixando a desejar no sentido de análise e tendências do que foi noticiado.

Jornalismo On-line X Jornal Impresso

Apesar da popularidade cada vez maior dos sites de notícias em tempo real, “os jornais impressos terão vida longa, mas é preciso que busquem diferenciais”, avalia o editor da Gazeta de Limeira.

Para ele, o caminho é intensificar a cobertura interpretativa-analítica dos fatos: o diferencial não será a notícia em si, que já saiu na internet, mas a riqueza de fontes ouvidas, o uso de imagens, análises e tendências do fato.

“Os veículos que não priorizarem esses métodos tenderão a repetir o que já saiu na internet, o que incentivará os leitores a abandonar de vez o impresso e optar pela web”, afirma o editor.

“Cem por cento dos jornalistas usarão intensamente a internet no seu cotidiano e ter seu trabalho divulgado em papel e/ou meios será um detalhe, não a essência”, ressalta a diretora de conteúdo do UOL. Ela acha que, com o passar dos anos, as diferenças entre jornalistas de impresso e de plataformas on-line irão diminuir, até que em algum dia desapareçam por completo.

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