por Gustavo Nolasco
A discussão é antiga, quem é mais jornalista? O assessor de imprensa pode ser considerado jornalista? Para o escritor e jornalista Rodrigo Capella, antes de mais nada “a tarefa é a de unir esses profissionais , respeitando possíveis diferenças e lutando para que elas, de nenhuma maneira, atrapalhem a execução das diversas habilidades jornalísticas, que se mostram cada vez mais importantes em nossa sociedade atual”.
De um lado, o jornalista pensa que está em uma grande batalha pela verdade e, por isso, o colega assessor é indigno de ser tratado como da mesma forma que ele. Do outro, o assessor faz o possível para informar o que convém ao cliente dele e se utiliza do que há de mais requintado em comunicação.
Habilidades como a de repórter, assessor de imprensa, editor e pauteiro, entre outras, são funções jornalísticas e devem ser respeitadas como tal. Infelizmente, a própria classe jornalística se confronta e se opõe em conceitos e estruturas, fundamentais para a consolidação e o respeito que ela merecia ter perante á sociedade.
Ainda segundo Capella, ”o assessor é um jornalista, bem como o jornalista muitas vezes pode vir a ser um assessor”. Essa compreensão está cada vez mais nítida entre os jornalistas de redação, que muitas vezes se utilizam dos textos enviados pelos colegas de assessoria para alimentar e dar mais credibilidade, sustentabilidade e entusiasmo ao texto que será lido pelo público.
O que muitos profissionais esquecem é que ambos foram formados em Jornalismo. Talvez isso ocorra porque alguns assessores de imprensa não sejam formados em Jornalismo. Mas, se analisarmos bem, a grande maioria é, e numa democracia a maioria prevalece.
Algumas declarações esquentam o debate. Em uma convenção da profissão, a assessora Érica Santos dispara: “Os assessores são a garantia de que a informação que chega ao público é verdadeira ". Do outro lado da mesa o jornalista Carlos Santos rebate: “Os jornalistas têm outras fontes, além dos assessores, que dão melhores informações”. Essa é a clássica desconfiança entre esses profissionais. A briga entre informação apurada e informação construída, mas que pra isso, também foi apurada.
Apesar da disputa o cenário está mudando. Uma pesquisa publicada no início deste ano feita pelo Instituto Franceschini de Análise de Mercado e coordenada pelo departamento de pesquisas da ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) informa que os profissionais de redação reconheceram a importância dos colegas assessores.
A pesquisa com 405 jornalistas de um total de 48.115 cadastrados pelo mailing MaxPress, a maior e mais segura referência do país, trouxe números curiosos: 42% dos entrevistados avaliam que os assessores de imprensa ajudam muito o trabalho da redação, já 43% dizem que ajudam um pouco, os outros 7% afirmam que não ajudam, nem atrapalham, e apenas 3% deste total dizem que atrapalham.
Capella acredita que a união da classe pode ter ajudado a equilibrar essa batalha, mas que ainda há muito a se discutir sobre o assunto. “Após a união da classe, essas análises ganharão profundidade e credibilidade, pois estarão sendo feitas por uma classe unida e fortalecida, em busca de seus interesses e, ao mesmo tempo, preocupada em oferecer cobertura jornalística precisa, ouvindo o maior número de lados possíveis”.
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