Alexandre P. Sinotti
Quantos mais morreram em nome de Deus? É o que o mundo quer saber há tempos é o que chocou o Brasil no dia sete. Realengo não é mais a mesma. O número da perfeição no cristianismo mostrou um sistema de fiscalização de armas imperfeito, em um país acomodado com a política do jeitinho. Pois qual será o jeitinho que dado às 11 crianças mortas? Não vejo resposta a essa pergunta.
É necessário agir, caro leitor! Novamente se discute em Brasília um plebiscito sobre o desarmamento. Entretanto não há clareza nesse argumento. Certamente é necessária uma política própria para regulamentar a situação das armas no Brasil, política tal que seja implementada dentro do ordenamento jurídico vigente. Mas o que será feito com esse regulamento? Como superar o abismo entre discurso e prática? Wellington Menezes de Oliveira conseguiu! Atingiu seu objetivo. O que fará o poder público? Quantas tragédias mais serão anunciadas em prol de uma política de fiscalização séria? Isso também não se sabe.
A mídia aponta o Bullying como condição para os feitos do jovem assassino. Ao se falar em religião, rumores especularam a relação do esquizofrênico com o Islamismo. Mentira! Como explicar o fato de um garoto de vinte e três anos ter acesso a armas de fogo e, além disso, como entender que alguém em sã consciência mataria inocentes de forma brutal. Seria o acontecido fruto de apartheid social contra deficientes mentais? Não há como obter respostas.
Como sociedade brasileira, devemos rever os papéis desempenhados praticamente por nossas instituições. Os vinte anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), comemorados em 2010, precisam ser lembrados. Obrigações entre Escola, Estado e Família talvez estejam esquecidas em meio à rotina industrial. Acordar, ir à academia, ir ao trabalho, dormir. Que tempo é destinado na educação moral e cívica de seus filhos. Ainda existe ética? O Tiririca já te contou o que faz um deputado federal? Cabe a internet educar as novas gerações? O Estado é sim, falho. Mas, como elegemos nossos representantes, a nossa parcela de culpa também existe.
Gilberto Freire já disse há tempos sobre a mentalidade escravocrata brasileira, mentalidade que legitima esse comportamento bovino em buscar que a solução para os problemas sociais, políticos e econômicos caia como um maná do céu. Bobbio, meus amigos, “a última instância é o povo”. Alguém já ouviu a máxima: cada um tem o governo que merece. Pois bem, não se trata de um discurso revolucionário, comunista ou qualquer outro termo que você, caro leitor, queira se utilizar para se eximir de sua responsabilidade, que tem como membro participante ativo e consciente da sociedade. Quantas vidas custarão a sua omissão, cidadão brasileiro? Eu convido a todos para que cobrem das autoridades a parte que lhes cabe. No entanto, que não se esqueçam, porém, do quinhão que cada um tem perante suas obrigações sociais.
Não há omissão que exima cada um da culpa que lhe cabe. Segue o artigo 4º do ECA: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Quem é que vai pagar por isso?, pergunta o refrão da música revanche do irreverente Lobão. Hobbesiano, não?
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