por Adriano Nascimento
Após um mês de paralisação, o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, em Assembleia, resolveu suspender a greve. Segundo a presidente da Apeoesp (Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, a decisão aconteceu porque a Secretaria do Estado da Educação aceitou negociar com os professores até o próximo dia 7 de maio. Porém, se as negociações de ambas as partes não forem cabíveis, a greve voltará por tempo indeterminado.
A população paulista está dividida sobre a greve dos professores. Pior que isso: até os próprios professores estavam divididos. A adesão parcial ao movimento revela a existência de um contingente considerável de profissionais que não se convenceram sobre a paralisação, de que ela seria a melhor maneira de reivindicar a recuperação dos salários e a melhoria do ensino.
A dúvida sobre a eficácia da paralisação deve pesar muito na decisão de não parar. Greves têm sido feitas com regularidade, sem que o magistério estadual tenha obtido qualquer conquista significativa. Nem mesmo as inflações dos últimos anos, acusam as lideranças da categoria, têm sido respondidas pelo governo estadual, o que levou a um achatamento dos vencimentos. Não por acaso, o principal item da pauta de reivindicações é um reajuste de 34,3% no salário.
Alguns alunos ficaram mais de 30 dias sem aulas nas escolas estaduais. O objetivo dos professores era ficar em greve por tempo indeterminado, até que o governo entrasse em um acordo. A paralisação durou um mês; algumas escolas ficaram completamente paralisadas, e com isso os alunos foram prejudicados.
A Secretaria da Educação do Estado afirmou que somente 2% dos professores pararam. Já a Apeoesp informou que a paralisação atingiu 70% dos professores. A paralisação já estava incomodando as pessoas, até mesmo a própria família brasileira que deixa seus filhos nas escolas, estava reclamando porque não havia professores.
O motivo da paralisação é pela dignidade do magistério e pela qualidade da educação. Os professores há cinco anos não têm aumento de salário, e a classe luta por essa questão. Os professores solicitam os seus direitos, que são as principais reivindicações da categoria, reajuste salarial imediato de 34,3%; incorporação de todas as gratificações; garantia ao emprego; e o concurso público de caráter classificatório; contra a municipalização do ensino, contra qualquer reforma que prejudique a educação, em todos os níveis.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informa ainda que não vai mudar os programas criticados pelo sindicato, como o de Valorização ao Mérito e a criação da Escola Paulista de Professores. Para a secretaria, "são esses os programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo”, declarou o Secretario da Educação Paulo Renato Souza.
O governo voltou a classificar como "político" o movimento da Apeoesp. "O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação, o que evidencia sua finalidade política".
Da assembleia também participaram representantes dos diretores de escola e supervisores de ensino, que decidiram, em suas instâncias, entrar em greve em conjunto com os professores. É claro que o trabalhador tem direito de fazer greve e lutar por aumentos salariais. Os professores de São Paulo, assim como os seus colegas de outros estados, ganham mal.
Na última semana as categorias dos professores interditarão uma faixa de rolamento da Avenida Paulista, durante a assembleia. E durante a greve os professores chegaram a bloquear ambos os sentidos da via por três vezes durante as manifestações.
Após as negociações com o secretário Paulo Renato Souza, uma nova Assembleia deverá discutir a situação dos professores da rede estadual. O governador José Serra (PSDB) desperdiçou uma ótima oportunidade de mostrar-se um bom negociador ou, quando menos, alguém que não tem receio de dialogar e, democraticamente, buscar soluções.
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