15 de abr. de 2010

Uma máquina polêmica

por Cintia Ferreira

O Cern, organização europeia de pesquisa nuclear, prometeu, no ano de 2008, uma das mais ambiciosas experiências da história da física. É o LHC, um equipamento que simularia um novo “Big Bang” através de prótons que se chocam na velocidade da luz. Big Bang é a teoria cientifica que defende que o surgimento dos planetas e sistema solar se deu através de uma grande explosão no cosmos.

Pesquisando a respeito o tema, nota-se que este é de difícil compreensão e há falta de veículos de informação que abordem a questão de forma clara e sucinta para aqueles que não entendem muito a respeito de Ciência e Física. Revistas específicas e blogs especializados são pouco acessíveis à maioria da população.

Assim, a abordagem da imprensa no caso LHC é insatisfatória. Os principais jornais e sites de notícias trazem informações sobre o assunto, embaladas em muitos termos científicos e conteúdo para especialistas em Física. Entre prótons, neutros e átomos, o cidadão comum ouve falar de uma máquina que criará um buraco que poderá vir a engolir a Terra, espalhando o medo como um monstro que não se vê a face, encoberta por números e termos incompreensíveis.

Pouco a pouco, a velocidade do LHC será aumentada e a máquina preparada para colisões cada vez mais poderosas, até chegar ao momento exato da criação do mundo. Segundo os 180 cientistas de vários países envolvidos no projeto, as respostas que a humanidade procura a respeito do surgimento mundo e de tudo que nele há serão extraídas deste invento moderno e polêmico.

A primeira sensação é de um maravilhoso e admirável mundo novo que se desponta à nossa frente, assim como na saga de Aldous Huxley. O fantástico mundo onde não há perguntas que não foram respondidas e nem ideias satisfeitas. Porém, com um olhar mais humano e sensível, vemos o caminhar rumo à falta de crença em Deus e ao individualismo sem fronteira.

Localizado entre a Rússia e a França, o LHC já dá os primeiros passos a caminho de encontrar a “matéria negra” ou a “partícula de Deus”, substância com a qual 25% do universo seria constituído. Porém, o invento causa divergências entre alguns estudiosos que, contrariados acerca do equipamento, pregam que a tal máquina pode causar o fim do mundo.

A cada choque de partículas são criados pequenos buracos negros que, de tão ínfimos, de desfazem em frações de segundos. Mas os cientistas Walter Wagner e Luis Sancho alertam o seguinte: com o aumento da velocidade, que chegará ao auge no ano de 2013, o choque de prótons poderá criar um buraco negro com capacidade de engolir a Terra.

Portanto, o equipamento que prometia o milagre das respostas sobre a nossa formação poderá ser o assassino de todo nosso habitat. Assassinato movido pela curiosidade incessante e custeado pelo valor de 8 bilhões de euros, valor que geraria menos polêmica e insatisfação se fosse empregado para o crescimento de países que vivem em condições desumanas.

Wagner e Sancho abriram um processo contra o Cern, alegando que não foram feitos testes para o bem estar do meio ambiente e pedem à Corte americana que o processo seja interrompido até que seja provado que não ofereça risco à humanidade. O laboratório garante não há problema algum e que as acusações não passam de especulação. Eles dizem, mas não provam nada.

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