por Diego Rodrigo dos Santos
Virou moda atacar o papa Bento XVI. Nas últimas três semanas, o líder da Igreja Católica foi alvo da imprensa devido ao grande número de acusações contra padres pedófilos. O papa é acusado de ocultar casos de pedofilia acometidos pelos membros da Igreja.
As denúncias sobre pedofilia de padres escandalizam, revoltam e assustam. Tanto quanto outras horríveis notícias sobre violência e abusos em qualquer lugar do mundo, principalmente dentro da própria família.
As pessoas têm enorme dificuldade em se conformarem com as notícias sobre pedofilia no seio da Igreja Católica. Dela, apesar do passado da Inquisição, das Cruzadas, do alheiamento quanto à escravidão e de tantos outros erros históricos cometidos, ainda espera-se algo bom.
Na Igreja Católica há o Direito Canônico que afirma que ninguém pode ser condenado sem uma acusação formal, sem ser antes advertido, sem o direito de defender-se. Não é justiça e é contra a doutrina da Igreja promover pura e simplesmente uma caça às bruxas, como assim fez a mesma no passado.
Como também é pecado grave de omissão por parte da autoridade eclesiástica simplesmente fechar os olhos para os escândalos e delitos dos sacerdotes. É necessário tomar corajosamente as medidas cabíveis.
O Papa Bento XVI não tinha provas concretas dos casos de pedofilia com padres, ao contrário do que informou o jornal ‘The New York Times’, no último dia 25 março.
O jornal americano trouxe a notícia de que, em 1996, o cardeal Joseph Ratzinger, que veio a se tornar o papa Bento XVI, em 2005, não respondeu as cartas vindas de padres americanos acusando o padre Lawrence C. Murphy de abusar sexualmente de 200 alunos menores entre 1950 e 1970, em uma escola para crianças surdas do Estado de Wiscosin (EUA).
Os documentos, mantidos em sigilo durante muitos anos, revelam uma correspondência de 1996 entre o padre Murphy e Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé nos anos 90. Segundo o jornal, o papa teria sido alertado sobre as acusações contra o padre Murphy pelo arcebispo de Wisconsin, que teria escrito duas cartas sobre a questão.
O “Times” também informou que Bento XVI sabia sobre o caso envolvendo o sacerdote Peter Hullermann, acusado de cometer abusos sexuais contra crianças em Essen, no norte da Alemanha, e transferido em 1980 para Munique e Freising.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, e os meios de comunicação da Santa Sé desmentiram as informações e denunciaram uma campanha da mídia de desmoralização do papa Bento XVI e seus aliados a qualquer preço. Lombardi reconheceu que, embora esses casos tenham acontecido há dezenas de anos atrás, “reconhecê-los é o preço para restabelecer a Justiça e purificar a memória”.
No último dia 20 março, o papa publicou uma carta para os católicos da Irlanda, outro país onde se registraram centenas de abusos sexuais contra menores. Na carta, Bento XVI se diz “profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos”. Escreve o papa, ainda, se dirigindo às vítimas: "Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade".
Além do mais, Bento XVI na viagem que fez aos Estados Unidos, se encontrou com as vítimas de sacerdotes que as abusaram sexualmente, e disse: “Não há lugar para aqueles que abusam de crianças no ministério sacerdotal".
Associar a pedofilia ao celibato é outra discussão emergente. O bispo auxiliar de Aracaju (SE), Dom Henrique Soares da Costa, disse em seu blog que pedofilia e celibato são coisas totalmente independentes uma da outra. “Um pedófilo pode se mascarar por baixo do ministério sacerdotal como pode se encapar num casamento. E são tantos”, afirmou.
De acordo com o bispo, o celibato é um dom de Deus para a Igreja, e completou: “Que fique bem claro que não há nenhuma propensão do papa e dos bispos de suspender a disciplina atual, que exige o celibato dos sacerdotes. A crise de vocação não é motivada pelo celibato, como também a crise de fidelidade não tem no celibato sua causa. A crise é de fé, não de celibato”.
Em alguns países há uma indústria mafiosa para arrancar dinheiro da Igreja com casos de pedofilia, verdadeiros ou forjados. Não houve acobertamento no caso envolvendo o padre Murphy. O Vaticano já disse anteriormente que ele não foi punido porque as leis da Igreja não preveem punição automática.
Contudo, a infidelidade de alguns não pode deixar na sombra a fidelidade heroica e silenciosa de muitos padres que, no dia a dia, sem aparecer em jornais, dão um esplêndido testemunho de amor a Cristo e às pessoas.
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