4 de dez. de 2009

Quem quer ser escritor

Políticas públicas dão pouco apoio e escritores tem que arcar com custos de suas publicações

por Beatriz Buck, Callebe Bueno, Johelson Costa, Thiago Machado,
Tiago Praxedes e Tracy Ellen

Histórias fantasiosas, romances, contos de suspense, de terror, ou mesmo livros de autoajuda e de conteúdo religioso. O universo literário é movido e alimentado pela diversidade de histórias contadas a partir da visão, dos ideais e sonhos dos escritores, que, na maioria das vezes, por serem menos conhecidos do grande público, não recebem nenhuma ajuda (incentivo de políticas culturais) para bancar suas publicações.

Como é o caso de Cleber Kraüss, corretor de seguros em Limeira-SP, que escreveu ‘E o milagre aconteceu’, um livro de mensagens religiosas, e teve ajuda de parceiros para baratear o custo da publicação. “Não tive nenhum apoio de políticas culturais para lançar meu livro. Isso no Brasil não existe, é utopia”, diz.

Para Juliano Schiavo, jornalista recém formado, e pela primeira vez arriscando-se na área literária com o livro ‘O silêncio das mariposas’, as políticas culturais poderiam ser a saída para escritores como ele, mas, a burocracia inerente ao processo geraria muita ‘dor de cabeça’ para o autor.

“Escrever um livro demanda paciência e consome o nosso tempo livre. Estressa muito” afirma. Outro fator também impediu Schiavo de procurar incentivos culturais. “Fiquei receoso em buscar verbas públicas para publicar meu livro. Não queria me sentir ‘amarrado’. Daria a impressão que estaria utilizando dinheiro público para fins particulares”, completa.

Se os incentivos públicos para escritores menos conhecidos não são tão frequentes, os espaços (e os materiais) dedicados à literatura em Limeira, estão sob atenção das autoridades municipais. “Algumas iniciativas já estão sendo realizadas, como a reforma da Biblioteca Municipal e da Biblioteca Infantil.

Ampliamos o número de exemplares em braile e com áudio, para as pessoas com necessidades especiais e também iniciamos uma campanha de recuperação dos livros da biblioteca”, conta Adalberto Mansur, Secretário da Cultura.

Outros projetos para popularizar a literatura estão sendo desenvolvidos em Limeira. O ‘Cidade da Leitura’, realizado no Parque Cidade, contou com a participação conjunta das secretarias de Educação e Cultura, levando apresentações musicais e aulas de ginástica ao público, e um espaço para as crianças lerem e ouvirem contos e histórias infantis, a ‘Casa do Conto’.

“Tivemos ainda um outro projeto, o ‘Espaço Troca Livro’, no qual as pessoas levavam um livro e o trocavam por um outro existente na banca. A prefeitura tem a intenção de expandir o ‘Troca Livro’ para vários pontos da cidade”, afirma Mansur.

Mas para Kraüss, aquele que conseguiu bancar seu próprio livro com a ajuda de terceiros, ainda falta espaço para os escritores limeirenses mostrarem seu valor. “Gostaria que houvesse uma livraria vendendo os livros de escritores daqui. Poderíamos fazer palestras no Teatro Vitória e a prefeitura custear parte das publicações, distribuindo os livros para as escolas, por exemplo. Assim a população conheceria melhor os escritores de sua própria cidade”, diz o esperançoso corretor.

A Academia de Letras

A Academia de Letras de Limeira (ALL) existe há quatro anos e é constituída por pessoas de diferentes áreas profissionais - médicos, jornalistas, advogados, professores, artistas, entre outros - que possuem algo em comum, obras publicadas no mercado e o gosto pela literatura (requisitos básicos para os membros). Contando com 40 cadeiras cativas, as reuniões são feitas mensalmente, no qual os participantes discutem projetos culturais, eventos e participações em cerimônias de publicações.

A presidente da ALL, a professora Simone Portela (formada em Biologia pela PUC-Campinas), diz que enfrenta problemas financeiros e sonha com um reconhecimento maior por parte da sociedade limeirense. “Estamos nos organizando melhor e lutando por um espaço para termos nossa sede. Nossa idéia é fazer da Academia uma instituição de utilidade pública para Limeira”, afirma.

Segundo Portela, a ALL está fazendo parcerias na cidade e na região. “Temos parcerias com a Secretaria da Cultura de Limeira, com algumas faculdades da região e com o ISCA Faculdades”, diz. O acervo digital da biblioteca do ISCA Faculdades recebeu um eBook (livro digital), com o tema ‘Paz’, escrito pelos membros da Academia.

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